A Evolução do Relacionamento

Evolução do Relacionamento

A evolução do relacionamento continua, com avanços e alguns estacionamentos obrigatórios, todos os dias, desde milhões de anos. Onde estamos? Onde estivemos? Para onde caminhamos?
Qualquer transformação cultural, tecnológica, socioeconômica, político-religiosa, em maior ou menor grau, traz em seu bojo consequências.

Desencadeiam uma série de mudanças que, com efeito, influenciam o comportamento da sociedade como todo e o de cada indivíduo em sua singularidade. Por conseguinte, faz-se imprescindível a constante busca de nova sintonia com o mundo e cosmovisão com nosso entorno. Impossível não reagir face a novos desafios.

O relacionamento entre um homem e a mulher navega nesse rio evolutivo da vida, reagindo e sofrendo as consequências de seus atos. Forte elo une o passado, o presente e o futuro das relações humanas. Queremos a felicidade no urgente de hoje. Não obstante, é necessário aprender a dominar o fogo de cada dia.

Primitivos

Ainda nas cavernas, homens e mulheres tiveram os primeiros relacionamentos estáveis. Era o embrião da
família. Antropólogos acreditam que tal relacionamento durava de quatro a sete anos, tempo necessário para se criar a prole que era pequena: um ou dois filhos por toda a vida. Os casais não permaneciam muito tempo juntos. Naquela época, às mulheres assistia a função de coletoras de frutas e sementes. Traziam cerca da metade do cardápio para a caverna.

Não eram dependentes do parceiro para sobreviverem. Apenas cabia-lhes complementar a dieta familiar. Os homens caçavam e protegiam o grupo.
Os primeiros humanos tinham hábitos nômades. Transitando de um lugar para outro, ficavam muito vulneráveis. Seus filhos pequenos eram presas fáceis de grandes animais.
Há evidências esclarecidas pela antropóloga Helen Fisher em seu livro Anatomia do Amor, de que alguns casais permaneciam juntos, mesmo após a criação dos filhos.

Estaria aí o germinar do nobre sentimento – amor – já brotando nos mais primitivos ancestrais. A evolução do relacionamento acontecendo. Aprenderam que, unidos em famílias, eram mais fortes para arrostar adversidades num contexto quase inóspito, lutando duramente pela subsistência.


O convívio social em tribos era sobretudo uma forma de sobrevivência, porquanto significava proteção. Os homens formavam grupos de caça, as mulheres se ajudavam nas coletas, na criação dos filhos e organização do rudimentar e remoto lar.

A tribo tornou-se mais forte com a soma dos indivíduos. Foi uma resposta aos desafios da época. A organização social começou a se configurar de maneira mais complexa, surgiram as divisões de tarefas.
Não se admira que, diante da inclemência do tempo e do entorno, esses primitivos casais acabassem se tornando donos das cavernas. Entretanto, o mais admirável é que fossem capazes, com armas tão rudimentares, de expulsar de lá animais ferozes.

Não fosse terem descoberto a técnica de fazer fogo, os remotos ancestrais provavelmente pereceriam de frio e fome. Não teriam recebido tamanho estímulo à vida grupal e, por conseguinte, à organização social, e mesmo para o desenvolvimento da linguagem e comunicação.

O ambiente foi favorável ao desenvolvimento da linguagem, com efeito, favoreceu não apenas a organização social, a divisão de trabalhos e o distanciamento da condição de selvageria, mas também possibilitou comunicação eficiente no sentido de relações mais estáveis – o surgir de laços afetivos entre homens e mulheres.

Agricultores

Os agrupamentos nômades encontravam muitas dificuldades para sobreviver em um mundo hostil, onde conseguir alimento, proteger mulheres e filhos eram desafios diários. A caça e os frutos escasseavam. Diante de tais pressões, ao observar o comportamento das sementes e da natureza, o homem encontrou na agricultura sua fonte de vida.

É bem provável que a primeira agricultora tenha sido uma mulher, uma vez que lhe cabia recolher sementes. Observou que da semente vinha nova planta, da planta as flores, das flores os frutos… Assim perpetuando a ciranda da vida e de sua própria espécie com a abundância de alimentos.

Por conseguinte, com o advento da agricultura, há cerca de 10 mil anos, muitos grupos nômades foram perdendo seus hábitos errantes, fixando-se à terra. A agricultura propiciou a agregação social, a comunicação verbal experimentava mais aperfeiçoamentos, e os novos agricultores buscaram solos férteis para fazer ali sua morada.

Esses ancestrais aprenderam a sobreviver sob clima mais severo, os agrupamentos tornaram-se mais numerosos. Muitos animais, como o cão, cavalo, bovinos, cabras, carneiros, suínos… aos poucos foram sendo domesticados, tornaram-se dóceis companheiros e, é natural, nova fonte de alimentos.

Sistema Patriarcal

O grande salto do homem nômade para o homem agrícola trouxe transformações radicais também na estrutura social. A noção de propriedade que, para os povos nômades era inexistente, passou a figurar como base do equilíbrio e relativa paz social.

O sistema patriarcal foi influência preponderante para o sucesso da espécie: o homem primitivo conseguiu remodelar-se e se organizar, conforme a necessidade para sua sobrevivência.
O sistema patriarcal frutificou juntamente com a agricultura.

A força física do homem foi decisiva para o poder patriarcal. Ele retirava as matas, preparava o solo e bem como para todo o processo agrícola, desde a semeadura até a colheita e estocagem. Os agrupamentos agrícolas se reorganizaram, teceram-se intrincadas redes de amigos e parentes, em virtude de o trabalho em mutirão fazer-se necessário.

Desenhou-se, assim, um novo papel para o casal na sociedade: ao homem coube o de provedor, enquanto à mulher assistia criar os filhos, úteis para o cultivo da terra. Para fortalecer e tornar possível o sistema agrícola patriarcal precisava-se de muita mão de obra. As mulheres foram levadas a dar à luz muitos filhos. Novas fronteiras agrícolas foram rompidas. O acúmulo de alimentos permitia famílias cada vez mais numerosas.

O sistema agrícola proporcionava maior possibilidade de proteção para as aldeias e pequenas cidades que se formavam. As modificações dos modos de produção de alimentos trouxeram mudanças também aos hábitos sexuais. Ao contrário de quase a totalidade dos animais, em que a fêmea só aceita o macho na época da reprodução, a mulher passou a se adaptar sexualmente a um parceiro sempre ao seu lado. A evolução do relacionamento para esta transição não foi simples nem rápida; provavelmente se delongou por centenas de anos, porém foi fundamental para a continuidade da espécie.

Os casamentos eram arranjados pelos pais, seguindo interesses de propriedades e dotes. Visavam em primeiro plano à procriação e a arranjos sociais materialmente significativos. As uniões conjugais fortaleciam famílias mais abastadas, enlaçando estrategicamente suas riquezas. Poucos eram os casos de união por amor.

Mesmo que houvesse atração entre o casal, o namoro era rápido e superficial. Os noivos, no máximo, davam-se as mãos ou trocavam alguns beijinhos leves e furtivos. Após esse namoro, partia-se para o casamento, que deveria ser “até que a morte os separe”, fossem eles felizes ou não.

A felicidade não se caracterizava necessidade básica. Primeiro, tratava-se de perpetuar a sobrevivência. Uniões conjugais deveriam durar por toda a vida, segundo os preceitos da época. A sociedade não aceitava separações, principalmente quando era iniciativa da mulher.

O homem passou a ser provedor exclusivo, poderoso e dominante. Ela dependia financeiramente do marido, sendo o casamento a garantia de sua honra, realização e sobrevivência.

O sistema patriarcal enrijeceu os papéis atribuídos ao homem e à mulher. Pouca coisa mudava de uma geração para outra. O estilo de vida do filho era muito próximo daquele que tivera o pai, o avô e bisavô. Entre as famílias abastadas, o casamento era visto quase como um negócio. Os filhos serviam aos pais que os utilizavam como instrumentos em parcerias que os interessassem.

Preponderava o interesse patriarcal e patrimonial na escolha dos noivos. Nas famílias de menos posses, as uniões ocorriam de maneira mais espontânea. Os casais se formavam até pela simples troca de olhares. Não era de bom-tom uma moça conversar em público com um rapaz.

Quando o pretendente queria aproximar-se da moça, deveria primeiro pedir permissão a seu pai para iniciar o namoro. Tudo correndo bem, algum tempo depois era a vez de pedir sua mão em casamento.

O pai detinha poder de vida e morte sobre suas filhas. Muitas mulheres punham-se em fuga da casa paterna para se casar, uma vez que o amor era reprimido pelo sistema que não considerava as coisas do coração.

Alguns fatores qualificavam o homem para merecer uma “moça de família”. Os atributos necessários deviam ser que ele a respeitasse, que fosse trabalhador, sem vícios, ou seja, um bom provedor. Esse era o modelo de união predominante. Nesses relacionamentos, carinho e contato mais íntimo praticamente inexistiam. A comunicação entre o casal limitava-se aos afazeres do lar e à criação dos filhos. A mulher fora criada e forjada para cumprir tal função social.

Caso uma mulher resolvesse viver sem marido, a sua sobrevivência se tornaria difícil, se não impossível, dado que, costumeiramente tinha pouco ou nenhum estudo. A resistência da sociedade cercearia empregar uma mulher em igualdade: considerada o “sexo frágil”.

Várias mulheres se sujeitavam à sina de um casamento muitas vezes infeliz, permanecendo limitadas ao âmbito do lar e à função de criar os filhos. Nesse tipo de casamento o amor era relegado a uma condição miserável.

O sistema patriarcal foi perdendo seu vigor nos últimos séculos. A situação tornava-se insustentável. O Iluminismo do século XVIII trouxe as primeiras lutas femininas pela igualdade entre os sexos. O século XX foi marcado por diversos movimentos sociais, principalmente no mundo ocidental.

O sistema patriarcal começava a ruir. Modernamente, encontra-se ainda nos últimos suspiros. Nossos antepassados viveram cerca de dez mil anos tendo a agricultura como base econômica. Nos últimos duzentos anos, a face do mundo é outra.

As transformações dos meios de produção, industrialização a concentração de habitantes nas cidades, a oportunidade de instruir-se e emprego para a mulher, tudo contribuiu para mudar também os costumes.

O relacionamento entre o homem e a mulher não mais comportaria a intervenção avassaladora da família e a sobrevivência de conceitos sociais arcaicos.
Aprendeu-se que seria a vez de ouvir o coração e assim caminha a evolução do relacionamento entre o homem e a mulher.

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Roseli Sanches
Roseli Sancheshttps://coachinglove.com.br/
Sou Roseli Sanches Carvalho, uma entusiasta em desvendar os mistérios dos relacionamentos amorosos. Minha paixão é compartilhar conhecimento e reflexões que possam inspirar pessoas a viverem amores mais saudáveis e felizes. Dedico-me a estudar as dinâmicas do amor, buscando oferecer perspectivas que iluminem o caminho para relações mais profundas e significativas.

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