Príncipe encantado
Encontrar o príncipe encantado! Ainda que pretendentes audaciosos atravessem desertos, selvas, oceanos e terras longínquas, encontrar-se-ia a verdadeira e bela princesa adormecida por cem anos? Esses seres existem mesmo? Utopia? Contos de fadas? “O príncipe quando a viu, não reparou nos remendos do seu vestido, nem nas manchas de cinza que trazia nas faces. Viu apenas aquele rosto querido que ele tanto ansiava rever. Por ordem do rei, foi anunciado que o casamento se realizaria no dia seguinte. E a festa durou dez dias e dez noites. Cinderela e o príncipe formaram o casal mais feliz do mundo” – adaptado de Katherine Gibson.
Hans Christian Andersen
Hans Christian Andersen criou um estilo e influenciou o mundo. Impossível esquecer contos de sua autoria, considerados obras-primas do imaginário universal, fazendo dele o fundador da Literatura Infantil. Mesmo sem perceberem, muitas pessoas cultivam mitos e preconceitos que poderão influenciar decisivamente na escolha de seus parceiros.
O padrão de beleza é um deles. Por influência principalmente dos meios de comunicação, os costumes, os conceitos de “belo”, de sucesso, de felicidade e realização pessoal são massificados e estancados à conveniência do mercado.
Em nenhum momento da História da Humanidade, como agora, a comunicação foi tão fácil e acessível. As tendências da moda e costumes são ditadas e unificadas, manipuladas por interesses, sempre valorizando um determinado conceito de “beleza”, em detrimento de todo o resto.
Ditadura do belo
É a “ditadura do belo”, onde quem não for bonito está descartado. A todo o momento, a mídia repete a existência de um padrão de perfeição física. Tal ideologia prega a falsa sensação de que a felicidade tem a cara de uma capa de revista, de preferência com muito dinheiro. Tal “ditadura” gera sentimento de inadequação e baixa autoestima, que é exatamente a mola propulsora do consumo de produtos que “poderão corrigir tal defeito intrínseco”. Sempre haverá “modelos” deslumbrantes, para formar um par bonito, rico e “plenamente realizado”.
É a fantasia que muitos vão querer para sua realidade. O homem, então, imagina sentir-se bem somente se a parceira tiver medidas de passarela, curvas e formosura. A mulher, por seu lado, valorizará o homem por seu status, porte físico, estilo de vida, roupas de grife e marca de carro, sem levar em conta que tais critérios são fatores de menor importância na relação.
Ambos acabam vivenciando infelicidade e frustração, pois os alicerces são débeis. Alguns que namoram e se relacionam seguindo esse prisma, não percebem que ser feliz é mais que estar ao lado de uma pessoa bonita, ou perpetuarão uma busca sem fim para encontrar alguém à altura do sonhado príncipe ou de princesa real. E assim elevam-se os níveis epidêmicos de solidão…
Chegou a tal ponto a idealização, que parece inacreditável que pessoas “belas e ricas” também tenham dificuldades em seus relacionamentos. Aparentemente é mais fácil e atrativo se relacionar com o que é “belo”, mas tal exagero deforma e sufoca as emoções, deturpa a percepção em relação às pessoas e ao mundo do entorno. Os olhos e a ambição poderão confundir.
É necessário ouvir o coração, com coragem, generosidade e sacrifício. Avaliar alguém somente se conduzindo por visão e opinião de outrem é construir um relacionamento frágil, com poucas chances de sobrevivência por muito tempo.
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